Saudade de parar em frente à mesa de salgados com meu pratinho azul de plástico pequeno demais para todos os salgados que gostaria de comer.
Nada como a experiência. Não é preciso pegar todos os salgados de uma vez só mas com certeza vou pegar meus preferidos antes que acabem. Bolinha de queijo e risóles de frango. Depois eu volto para o pastelzinho de carne e o cachorrinho folhado.
Seguro o pratinho enquanto tento desencopar retirando com muito cuidado o copo do topo que é apenas mais um copo em uma pilha copos de plásticos. O uso exarcebado de plástico nos anos noventa. Apoio o copo na mesa onde a toalha de papel faz de conta que protege a mesa da família. Seguro a garrafa de 2 litros de refrigerante quase grande demais para a minha mão e sirvo no copo que dá uma balançadinha no primeiro contato com o líquido laranja gasoso. Recoloco a garrafa na mesa e pego o copo agora meio cheio para sentar no banquinho meio vazio que divido com alguém que mal conheço.
Enquanto como salgadinhos também bebo refri de laranja tornando-me imediatamente feliz porém ansiosa. A serotonina derivada da quantidade de açúcar no sangue acompanhada pela ansiedade perante o futuro incerto resultando na incapacidade de aproveitar o momento presente. A alimentação dos anos noventa.
A capacidade do cérebro em processar dados que criam preocupações constantes gerando um estado de alerta constante caso o predador apareça.
Comendo meus salgadinhos fico demasiadamente preocupada com a mesa de doces. Preciso comer rápido para garantir um doce caso todos acabem e imagina se o que sobra é o bolo e o recheio é de frutas cristalizadas em vez de chocolate.
Nem percebi mas nesse meio tempo já comi todos os salgadinhos e só sei disso porque agora consigo enxergar o fundo azul do prato.
Sentada no banquinho não lembro de comer todos os salgados pois me perdia pensando no futuro e logo fico triste com a sensação de algo mal aproveitado.
Espero pelos docinhos ansiosamente porque eles sim me farão feliz.
Feliz aniversário para mim.
