Um por um

Gabi F.
1 min readJan 24, 2024

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Ela era matemática e trabalhava com coisas matemáticas como estatísticas e coisas assim e então fazia bolos como ninguém.

Para ser uma boa confeitaria toda a medida pesa. No sentido de que toda a medida é extremamente importante e ela fazia o bolo mais complicado de cabeça. Se perguntasse quantas gramas disso ou daquilo ela sabia de cor.

No outro dia cruzou as pernas e encarou o joelho direito que passava por cima do esquerdo. Resolveu bater no joelho como o pediatra que testa a criança para reflexo e apesar de adulta sentiu o total de zero reflexos.

Como boa matemática sabia que zero era muito abaixo da média.

Vivia em um estado apático que tudo passava por ela em vez dela passar pelas coisas e isso era o resultado de uma equação sem solução aparente.

Aparente que lembra parente que lembra como tem zero pessoas ou ninguém que a conheça desde o tempo em que as coisas eram um pouco mais simples e dois mais dois eram com certeza quatro.

A apatia ainda deixava brechas para sentir e num súbito levantou-se antes de que o joelho direito dormisse para sempre na mesma posição.

Saiu do trem caminhando firme como uma criança que conta os primeiros passos um por um.

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